Neiff Satte Alam
O fracasso escolar - parte III
O ciberespaço que poderia ser nosso auxiliar nestas questões disciplinares, termina por ser um inimigo, pois, sem ser utilizado de forma adequada pela escola ou simplesmente não utilizado, passa a ser centro desorganizado de informações onde os sítios de relacionamento se prestam, na maioria das vezes, para transmitir comportamentos inadequados, provocações entre pessoas e/ou grupos, deixando de cumprir o importante papel de globalização do conhecimento em um mundo sem fronteiras, mas encaminhado para conflitos que levam a ações de indisciplina ou de puro vandalismo.
Enfrentando o problema:
Corrigir esta trajetória é possível desde que, assumido o fracasso, busquemos o fortalecimento dos educadores e o apoio dos educacionistas. Os educadores terão que ser mais do que simples trabalhadores em educação no sentido que se quer dar, isto é, educador não é um simples operário, pois tem a tarefa de viabilizar a construção de conhecimentos e competência para que crianças, jovens e adultos visualizem possibilidade de futuro promissor, onde liberdade, democracia e oportunidade de vida saudável e digna sejam metas reais e atingíveis.
O centro das políticas públicas tem que ser o homem e devem nascer dos desejos e anseios da sociedade e desenvolvidas pelos governantes. Se educação e saúde estiverem nesta frente de ações, todas as demais necessidades serão naturalmente atendidas, principalmente as demandas econômicas que deverão ser acessórios e não carro chefe destas políticas, para que o bem-estar social, priorizado, viabilize desenvolvimento e não apenas crescimento.
Internamente, nas escolas, será necessária uma gestão diferente da que atualmente ocorre. Profissionais certos e qualificados no lugar certo: professores protegidos para realizarem seu trabalho como educadores; os conflitos dos alunos no ambiente extra escola equacionados e atendidos por profissionais de fora da escola, como psicólogos, assistentes sociais e outros e os que ocorrem no ambiente escolar, independentemente da sua origem, atendidos pelos orientadores educacionais, pedagogos, psicopedagogos que, embora existentes, não são utilizados. Os professores deverão ter a disponibilidade de educação continuada para que possam acompanhar os avanços pedagógicos e tirar proveito destes avanços para qualificarem os resultados em sala de aula.
É urgente que haja qualificação dos cursos de formação de professores, pois, com exceção de algumas universidades, há uma proliferação de cursos que acentuam o aprendizado de conteúdos e abrem mão de formação no sentido de uma prática reflexiva.
Pergunta Perrenoud: “por que formar professores para que possam refletir sobre sua prática?”. Como resposta, coloca uma série de razões: “Como motivos, podemos esperar que uma prática reflexiva: compense a superficialidade da formação profissional; favoreça a acumulação de saberes de experiência; propicie uma evolução rumo à profissionalização; prepare para assumir uma responsabilidade política e ética; permita enfrentar a crescente complexidade das tarefas; ajude a vivenciar um ofício impossível; ofereça os meios necessários para trabalhar sobre si mesmo; estimule a enfrentar a irredutível alteridade do aprendiz; aumente a cooperação entre colegas; aumente a capacidade de inovação.” (Perrenoud,P. A Prática Reflexiva no Ofício do Professor – Profissionalização e Razão Pedagógica. Artmed. 2002, página 48).
Os egressos destes cursos têm que aprender com a experiência que vão adquirindo no exercício da profissão. É o mesmo que consertar a turbina de um avião em pleno voo.
Para que todos os remédios sejam eficientes e que a saúde da educação dê mostras de franca recuperação, faz-se necessária ação integrada entre educadores e educacionistas, unindo todos os interessados em ação política clara e responsável, mesmo que tenhamos que modificar o lema da bandeira para EDUCAÇÃO É PROGRESSO, no lugar de ORDEM E PROGRESSO!
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